Para complementar recursos e fechar contas do setor, instituição deve entrar com R$ 3 bilhões

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Distribuidoras vão receber, até 31 de julho, R$ 1,3 bilhão relativos aos gastos não cobertos pela tarifa

» SIMONE KAFRUNI

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) poderá ter que socorrer as distribuidoras de energia elétrica, que precisam de novo empréstimo para cobrir o rombo da exposição ao mercado de curto prazo. O governo alinhava uma negociação para financiar até R$ 6,5 bilhões, na qual o banco de fomento participa com R$ 3 bilhões e o pool de 10 bancos comerciais, que já garantiu o primeiro empréstimo e R$ 11,2 bilhões via conta administrada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), com os R$ 3,5 bilhões restantes na forma de um aditivo ao financiamento inicial.

O primeiro empréstimo, de R$ 11,2 bilhões, deveria cobrir as necessidades das distribuidoras durante o ano todo, mas o dinheiro acabou em
unho, com o pagamento das operações relativas a fevereiro, março e abril. No início do mês, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)  postergou o vencimento da fatura de maio, no valor de R$ 1,3 bilhão (relativo aos gastos com energia não cobertos pela tarifa) para liquidação em 31 de julho.

A 10 dias de o prazo vencer, a operação de socorro ainda é obscura. O Ministério da Fazenda não comenta os detalhes,mas trava intensas negociações para cobrir o rombo no caixa das empresas. Procurado pelo Correio, o BNDES preferiu não comentar. Em nota, a CCEE afirmou:“As negociações referentes a um eventual novo financiamento estão sendo coordenadas pelo Ministério da Fazenda. A CCEE  guardará a finalização das tratativas para se manifestar”. Maior interessada no assunto, a Associação Brasileira das d distribuidoras de Energia Elétrica( Abradee) também preferiu o silêncio.

 

Saída

Os especialistas do setor avaliaram a saída como estratégica, uma vez que as distribuidoras ameaçam pedir reajustes extraordinários da conta e luz e há o temor do impacto de novos aumentos na inflação, que já passou o teto da meta, de 6,5%, em junho. Aportes diretos do Tesouro estão descartados, uma vez que o governo também está pressionado para fechar a meta do superavit primário (economia para pagar os juros da dívida), de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Em junho, contudo, o Tesouro autorizou empréstimos de R$ 30 bilhões ao BNDES. “Usar o banco de fomento é uma boa solução,em primeiro lugar, porque a parceria com os bancos comerciais se esgotou. Em segundo, para conseguir um prazo maior e juros menores. A situação também ficará menos feia para o Tesouro e pode aliviar o repasse tarifário, que já está muito alto para o ano que vem”, analisou o especialista do setor elétrico André Crisafulli, presidente da Consultoria Andrade&Canellas.

O gerente  e regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, explicou que o primeiro contrato de empréstimo previa aditivos. “O financiamento não foi suficiente para o ano todo, e a variação do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças, que é o valor da energia no mercado livre) vai continuar alta”, disse. A previsão da CCEE para esta semana é de um PLD de R$ 734,87 o megawatt/hora.

Para o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, há limites para renovar o contrato com os bancos comerciais, por isso o esforço de incluir o BNDES no financiamento do setor. “O governo está fazendo o esforço para conseguir o dinheiro. A necessidade  de manter as termelétricas ligadas continua”, ressaltou.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br

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