Brasília – Enquanto as empresas fazem seus entrelaces, especialistas analisam o que é melhor para o consumidor. Reduzir o número de competidores vai dar mais poder econômico aos restantes, que já investem pouco e prestam serviços de qualidade duvidosa, na opinião de Dane Avanzi, especialista do setor e vice-presidente da Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil (Aerbras). “Às vésperas do leilão do 4G, a movimentação está intensa. As quatro grandes companhias brasileiras são controladas por capital estrangeiro. O nosso mercado interessa à saúde financeira das matrizes. Mas e o consumidor? Com menos concorrentes, a tendência será aumentar o preço das tarifas e piorar o serviço”, afirma. Avanzi espera um posicionamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de modo a evitar que a concentração do poder aumente mais ainda. “Pois só temos a perder”, reitera.
O Ministério das Comunicações não se pronuncia sobre o assunto. A Anatel esclarece que incentiva a competição por entender que a concorrência é fator determinante para estimular a elevação da qualidade e a queda de preços, o que resulta em benefícios para o consumidor e um mercado mais equilibrado. “O setor de telecomunicações é complexo e dinâmico, exigindo do órgão regulador observação detalhada de cada operação relacionada ao controle societário, de forma a atender à legislação de concorrência”, afirma, por meio da assessoria de imprensa. O Cade promete avaliar as negociações.
Para a advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Veridiana Alimonti, a concentração e o modelo de negócios atuais já são prejudiciais para os consumidores. “A tarifa de interconexão, de uma prestadora de celular para outra, ainda é alta, apesar de ter sido reduzida recentemente. No caso da banda larga fixa, existem locais em que apenas uma empresa atende, sendo que o serviço não chega às zonas rurais, porque a obrigação de cobertura é só para telefonia fixa”, enumera.
Enquanto a maioria dos especialistas ressalta que, quanto mais concentrado o mercado, menor é a concorrência, restringindo o poder de barganha do consumidor, o analista de telecomunicações da Ativa Corretora Lucas Marins, é uma voz uníssona. “O setor exige investimentos pesados, sobretudo nesse momento de inserção na nova tecnologia 4G. A integração de empresas pode aumentar a capacidade de injetar recursos em infraestrutura, o que garantirá melhores serviços”, pondera. Não à toa, o setor de telecomunicações figura entre os líderes em reclamação nos órgãos de defesa desde que o número de empresas foi reduzido.
Procuradas para comentar as negociações em curso para concentrar ainda mais o setor, Vivendi, Oi, Claro e GVT afirmaram que não estão se pronunciando sobre o assunto. O presidente da Telefónica, Antonio Carlos Valente, chegou a afirmar que a oferta de compra da GVT tem o objetivo de colocar mais uma prestadora de serviços de banda larga no país para aumentar a oferta. “A GVT escolheu atuar fora de São Paulo. A união de Telefónica e GVT vai criar uma empresa mais sólida para fazer frente à única prestadora, praticamente, que explora banda larga nessas regiões”, diz, referindo-se à Oi.
Fonte: http://www.em.com.br/