A radiocomunicação corporativa possui uma ampla gama de soluções sob medida para os mais diversos tipos de necessidades. Está presente no cotidiano das áreas fabris dos mais diversos segmentos da indústria, bem como em toda a estrutura de serviços que a suportam, denominados genéricamente facilities (segurança, saúde e meio ambiente, entre outras). Nos dias atuais, geralmente os equipamentos utilizados por essas empresas são denominados DMR-Digital Mobile Radio. Há grandes plantas industriais que devido ao alto tráfego e grande quantidade de usuários utilizam equipamentos de missão crítica, sendo exceções a regra.
No âmbito governamental, a radiocomunicação, mais que um meio de comunicação é, em verdade, um bem estratégico. Em todos os Estados do mundo, é peça chave para a Defesa e Segurança Pública, não sendo exagero afirmar que vale mais que uma arma, posto que vivemos a Era da Informação.
Por conta disso, a radiocomunicação destinada a serviços de missão crítica em muito difere da radiocomunicação comercial. O cerne da questão está no conceito de missão crítica. Entende-se por missão crítica todo sistema de radiocomunicação que suporta comunicações nas quais qualquer tipo de falha ou interrupção pode causar a perda de vidas humanas ou prejuízos vultosos.
No âmbito técnico as diferenças também são substanciais, começando pela infraestrutura que suporta os sítios de repetição. Torres e shelters enrobustecidos, links com redundâncias, sistema de energia elétrica com banco de baterias capaz de suportar por muitas horas o sistema de radiocomunicação no ar, em caso de pane no fornecimento de energia elétrica.
Quanto aos periféricos: cabos, antenas, acopladores, duplexadores, todos foram cuidadosamente dimensionados e escolhidos, de modo a funcionarem harmonicamente, para proporcionar o melhor rendimento possível do sistema como um todo.
No que tange às plataformas de radiocomunicação, os equipamentos são igualmente projetados para altíssima performance, haja vista a demanda de alto tráfego das corporações que utilizam o sistema diuturnamente, geralmente forças policiais de grandes metrópoles. De um modo geral todas as características técnicas dos repetidores que compõem o site de repetição são diferenciados em termos de robustez, potência, sensibilidade de recepção, entre outros.
Destarte, são reconhecidos como plataformas de radiocomunicação de missão crítica os protocolos Tetra, Tetrapol e APCO25. Tais sistemas, guarnecem a grande maioria das forças militares e de segurança pública mundo afora.
No Brasil por conta de restrições orçamentárias, muitas vezes gestores públicos são obrigados a optarem por equipamentos não projetados para Missão Crítica, havendo inclusive a discussão que Guarda Municipal não é missão crítica, embora na prática em muitas cidades atue como tal. De um modo geral, é altamente recomendável em caso de dúvida na hora de comprar ou ampliar um sistema, avaliar a quantidade de chamados por dia e horário de pico, a quantidade de grupos que compõem o sistema, a quantidade de usuários, para se saber se o sistema demandado é de baixo, médio ou alto tráfego. Em suma, a capacidade de planejamento é o grande diferencial do bom gestor.
Outro fator de relevante importância muitas vezes ignorado pelos gestores públicos é a realização de estudos de viabilidade técnica, condições de interoperabilidade com o legado atual (em casos de expansão de sistema), predição de cobertura entre outros necessários a contratação de um sistema de radiocomunicação de missão pública eficiente. Um gestor eficiente sabe que não está comprando somente um equipamento, mas sim uma solução. Tais estudos são a base para a elaboração de um projeto básico e executivo bem sucedido.